Para grande tristeza de muitos amarantinos, consumou-se o há meses anunciado encerramento da maternidade do Hospital de S. Gonçalo, um dos poucos equipamentos que distinguia Amarante dos demais concelhos do Baixo Tâmega.
Este é um momento que nos deve a todos fazer reflectir face ao país que temos e o Portugal que queremos legar aos nossos filhos e netos.
Assumi por diversas vezes, em editorial, a minha firme oposição a esta medida do governo, que considero injusta, sobretudo porque se baseia em pressupostos alegadamente técnicos, cuja sustentação tem sido rebatida em vários fóruns com participação de pessoas avalizadas na matéria. Reafirmo a minha convicção de que esta decisão do ministro Correia de Campos assenta em critérios economicistas, que mais não visam do que concentrar serviços e assim diminuir despesas, aliás na linha de outras políticas para o sector, como aquela que já está prevista para as urgências médico-cirúrgicas que vão encerrar em vários hospitais do país, inclusive no de Amarante, este, pelo que se tem ouvido, apenas durante a noite.
Sabemos que o país atravessa dificuldades e que este governo tem posto em marcha medidas corajosas para corrigir alguns desequilíbrios estruturais, as quais tenho, na maioria dos casos, enaltecido. Mas, em relação à saúde, muitas decisões têm ido, em minha opinião, longe demais. Em primeiro lugar, porque têm um impacto quase brutal nos extractos da população mais débeis, como os reformados e as famílias de menores posses económicas, agora obrigados a deslocações maiores a hospitais distantes e desenraizados da área de residência dos doentes. Para alguns de nós, possuidores de bom automóveis, uma deslocação a Penafiel até nem terá grande impacto nos orçamentos particulares, mas para centenas de reformados da região, de meios rurais, que têm de viver mensalmente com um minguo orçamento e nem sequer têm transporte próprio, uma deslocação ao Hospital Padre Américo ou outro qualquer, de autocarro ou de táxi, pode significar uma despesa enorme, que ninguém da tutela irá comparticipar.
Bem sei que muitos defensores destas medidas para a saúde do governo já estarão a chamar-me demagógico, avançando com um chorrilho de dados estatísticos que sustentarão a decisão de Correia de Campos. Mas a minha sensibilidade é outra: por mais adequada que pareça uma medida, quando analisada à luz de critérios genéricos aferidos nos distantes gabinetes ministeriais, não devemos nós, cidadãos comuns, esquecendo disciplinas partidárias, questioná-las quando olhamos à nossa volta e percebemos os impactos que essas decisões têm em muitas pessoas, que não passam de números insignificantes na visão tecnocrata de uns quantos políticos. Que importância terá para esses senhores o sofrimento de um idoso doente ou de uma família de uma mãe pobre agora obrigada a ter o seu filho lá longe em Penafiel? Com certeza pouca… Tão pouca quanto o peso que os concelhos de um interior cada vez mais desertificado têm à luz dos nossos políticos, que não querem ver o grave erro em que estão a lavrar, quando, esquecendo princípios de subsidiariedade que assumiram quando por cá passaram aquando das eleições, insistem em medidas que acentuam a fuga das populações do interior rural para um litoral cada vez mais sobrepovoado e com uma qualidade de vida em constante degradação, como se vê pelo aumento da criminalidade violenta dos grandes centros, o trânsito caótico e os níveis de poluição atmosférica e sonora.
Outros países da Europa, mais desenvolvidos do que o nosso, adoptaram medidas idênticas em décadas anteriores, concentrando serviços e investimentos em infra-estruturas nas maiores cidades. Hoje, os mesmos países, confrontados com um crescimento brutal da suas grandes cidades, onde crescem os bairros degradados, reconhecem o erro e começam a apostar em medidas no sentido inverso, investindo em serviços desconcentrados de qualidade que ajudem a fixar as populações do interior e assim aliviem a pressão sobre os grandes centros.
Infelizmente Portugal, também no tipo de políticas adoptado, também enferma do atraso crónico que nos transforma num dos países mais atrasados de Europa.
Este é um momento que nos deve a todos fazer reflectir face ao país que temos e o Portugal que queremos legar aos nossos filhos e netos.
Assumi por diversas vezes, em editorial, a minha firme oposição a esta medida do governo, que considero injusta, sobretudo porque se baseia em pressupostos alegadamente técnicos, cuja sustentação tem sido rebatida em vários fóruns com participação de pessoas avalizadas na matéria. Reafirmo a minha convicção de que esta decisão do ministro Correia de Campos assenta em critérios economicistas, que mais não visam do que concentrar serviços e assim diminuir despesas, aliás na linha de outras políticas para o sector, como aquela que já está prevista para as urgências médico-cirúrgicas que vão encerrar em vários hospitais do país, inclusive no de Amarante, este, pelo que se tem ouvido, apenas durante a noite.
Sabemos que o país atravessa dificuldades e que este governo tem posto em marcha medidas corajosas para corrigir alguns desequilíbrios estruturais, as quais tenho, na maioria dos casos, enaltecido. Mas, em relação à saúde, muitas decisões têm ido, em minha opinião, longe demais. Em primeiro lugar, porque têm um impacto quase brutal nos extractos da população mais débeis, como os reformados e as famílias de menores posses económicas, agora obrigados a deslocações maiores a hospitais distantes e desenraizados da área de residência dos doentes. Para alguns de nós, possuidores de bom automóveis, uma deslocação a Penafiel até nem terá grande impacto nos orçamentos particulares, mas para centenas de reformados da região, de meios rurais, que têm de viver mensalmente com um minguo orçamento e nem sequer têm transporte próprio, uma deslocação ao Hospital Padre Américo ou outro qualquer, de autocarro ou de táxi, pode significar uma despesa enorme, que ninguém da tutela irá comparticipar.
Bem sei que muitos defensores destas medidas para a saúde do governo já estarão a chamar-me demagógico, avançando com um chorrilho de dados estatísticos que sustentarão a decisão de Correia de Campos. Mas a minha sensibilidade é outra: por mais adequada que pareça uma medida, quando analisada à luz de critérios genéricos aferidos nos distantes gabinetes ministeriais, não devemos nós, cidadãos comuns, esquecendo disciplinas partidárias, questioná-las quando olhamos à nossa volta e percebemos os impactos que essas decisões têm em muitas pessoas, que não passam de números insignificantes na visão tecnocrata de uns quantos políticos. Que importância terá para esses senhores o sofrimento de um idoso doente ou de uma família de uma mãe pobre agora obrigada a ter o seu filho lá longe em Penafiel? Com certeza pouca… Tão pouca quanto o peso que os concelhos de um interior cada vez mais desertificado têm à luz dos nossos políticos, que não querem ver o grave erro em que estão a lavrar, quando, esquecendo princípios de subsidiariedade que assumiram quando por cá passaram aquando das eleições, insistem em medidas que acentuam a fuga das populações do interior rural para um litoral cada vez mais sobrepovoado e com uma qualidade de vida em constante degradação, como se vê pelo aumento da criminalidade violenta dos grandes centros, o trânsito caótico e os níveis de poluição atmosférica e sonora.
Outros países da Europa, mais desenvolvidos do que o nosso, adoptaram medidas idênticas em décadas anteriores, concentrando serviços e investimentos em infra-estruturas nas maiores cidades. Hoje, os mesmos países, confrontados com um crescimento brutal da suas grandes cidades, onde crescem os bairros degradados, reconhecem o erro e começam a apostar em medidas no sentido inverso, investindo em serviços desconcentrados de qualidade que ajudem a fixar as populações do interior e assim aliviem a pressão sobre os grandes centros.
Infelizmente Portugal, também no tipo de políticas adoptado, também enferma do atraso crónico que nos transforma num dos países mais atrasados de Europa.
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