O governo está a admitir a possibilidade de aplicação de portagens nas entradas das cidades do Porto e Lisboa, procurando assim diminuir o número de veículos que todos os dias entram nas duas metrópoles portuguesas. A ideia é procurar contribuir para a redução da poluição em Lisboa e Porto, que são dos mais altos das cidades europeias.
A ideia até parece interessante, mas a sua aplicabilidade revela-se complexa, sobretudo porque irá esbarrar em duas pedras de toque. A primeira reside no facto de as alternativas aos automóveis serem muito más, sobretudo no Porto. As redes de transportes públicos estão longe de corresponder às necessidades. Os autocarros em horas de ponta andam sempre sobrelotados, a rede de metro está ainda numa fase incipiente em termos de cobertura da cidade e os comboios suburbanos também estão longe de corresponder às necessidades. Imagine-se o que seria condicionar a entrada de veículos na cidade e o que isso poderia resultar em termos de ruptura das redes de transportes colectivos.
Além do mais, esta eventual decisão esbarraria na crónica resistência de muitos portugueses, que insistem em levar os carros, se possível, até à porta do supermercado. Muitos compatriotas, eu diria a maioria, são comodistas e têm poucos hábitos de andar a pé ou de transportes públicos. Gostam de levar o automóvel para todo o lado e estacioná-lo tão perto quanto possível do destino, não raras vezes em situações pouco abonatórias para as regras de civismo.
Tenho muitas dificuldades em imaginar determinados portugueses, habituados a mordomias de locomoção, serem agora obrigados a viajar de autocarro ou comboio.
Por outro lado, muitos de nós desconfiam que esta pode ser mais uma forma encontrada sub-repticiamente pelos poderes públicos para encaixar mais uma receita. Será uma espécie de taxa moderadora do trânsito. Será que vão mais uma vez invocar a benignidade da motivação oficial da medida para sustentar mais uma receita para uma administração ávidas de recursos, seja ela local ou nacional?
A ideia até parece interessante, mas a sua aplicabilidade revela-se complexa, sobretudo porque irá esbarrar em duas pedras de toque. A primeira reside no facto de as alternativas aos automóveis serem muito más, sobretudo no Porto. As redes de transportes públicos estão longe de corresponder às necessidades. Os autocarros em horas de ponta andam sempre sobrelotados, a rede de metro está ainda numa fase incipiente em termos de cobertura da cidade e os comboios suburbanos também estão longe de corresponder às necessidades. Imagine-se o que seria condicionar a entrada de veículos na cidade e o que isso poderia resultar em termos de ruptura das redes de transportes colectivos.
Além do mais, esta eventual decisão esbarraria na crónica resistência de muitos portugueses, que insistem em levar os carros, se possível, até à porta do supermercado. Muitos compatriotas, eu diria a maioria, são comodistas e têm poucos hábitos de andar a pé ou de transportes públicos. Gostam de levar o automóvel para todo o lado e estacioná-lo tão perto quanto possível do destino, não raras vezes em situações pouco abonatórias para as regras de civismo.
Tenho muitas dificuldades em imaginar determinados portugueses, habituados a mordomias de locomoção, serem agora obrigados a viajar de autocarro ou comboio.
Por outro lado, muitos de nós desconfiam que esta pode ser mais uma forma encontrada sub-repticiamente pelos poderes públicos para encaixar mais uma receita. Será uma espécie de taxa moderadora do trânsito. Será que vão mais uma vez invocar a benignidade da motivação oficial da medida para sustentar mais uma receita para uma administração ávidas de recursos, seja ela local ou nacional?
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