A última sessão da Assembleia Municipal de Amarante confirmou o que já se adivinhava: o PSD concelhio está com uma nova estratégia, assente numa oposição musculada ao executivo minoritário liderado por Armindo Abreu.
Ser-se oposição num executivo de maioria absoluta ou ser-se oposição num contexto de maioria relativa são coisas bem distintas. Além disso, ser-se oposição no quadro de um movimento político efémero como o protagonizado por um projecto independente e pessoal ou ser-se oposição enquanto partido político estruturado na democracia portuguesa são também coisas bem distintas. O sentido de responsabilidade e visão de futuro num ou noutro contexto são diferentes.
O PSD não pode dizer que quer levar por diante, no executivo, o projecto que apresentou ao eleitorado, porque esse foi derrotado nas urnas. Os sociais-democratas, enquanto homens e mulheres com sentido de responsabilidade, têm de aceitar as regras da democracia. Não podem querer impor aos amarantinos aquilo que eles não sufragaram nas urnas. Não devem querer fazer vingar as suas posições, aliando-se a um movimento de cariz iminentemente pessoal contra o qual se bateram na última campanha eleitoral. Creio que muitos sociais-democratas estão equivocados. Esquecer-se-ão os dirigentes desse partido que quem votou no seu projecto não se revia também no que era proposto pelo movimento ao qual se está agora a aliar de forma mais ou menos assumida, pelo menos no quadro do executivo? Aliás, o líder do PSD, Alberto Sampaio, desafiado pelos socialistas a esclarecer o posicionamento estratégico do seu partido, acabou por se contradizer na última AM, ao negar estar em curso um processo de coligação e logo a seguir dizer que “temos maioria”. O dirigente referia-se, eventualmente num lapso de linguagem, à coligação na Câmara PSD/Amar Amarante. Aliás, já vamos ouvindo da boca de alguns dirigentes laranja: “agora não deixamos passar nada”. Claro que nesta expressão está implícito um espírito de oposição permanente ao poder socialista, só possível porque assenta na premissa de que hão-de contar sempre com o apoio do movimento Amar Amarante, uma força que desde a primeira hora e pelas razões conhecidas se opõe com “unhas e dentes” à gestão de Armindo Abreu.
O PSD tem dito nos últimos dias que os seus autarcas e dirigentes pensam pela sua própria cabeça, o que é legítimo. Dizem que têm um projecto e é por ele que devem lutar. Só não se compreende que a luta se esteja a fazer num órgão executivo, comprometendo a governação do executivo. A legítima necessidade de afirmação do projecto alternativo do partido na praça pública não deve ser feito no quadro do executivo municipal, adoptando uma oposição sistemática. Isso é sobrepor os interesses do partido aos do concelho.
Parece-me um erro estratégico do PSD. Há momentos para a luta política e momentos para o primado do sentido de responsabilidade. No executivo, o PSD, enquanto partido com legítimas aspirações ao poder, devia, em nome dos interesses do concelho, procurar entendimentos com o PS e esses só eram alcançados adoptando uma postura menos crispada, que quase sempre redunda em posições extremadas de ambas as partes.
O líder do PS na AM, Abel Coelho, afirmou que se esta postura do PSD se mantivesse não hesitaria em propor ao seu partido uma clarificação da situação política, entenda-se, presumo, eleições intercalares. Será que é isso que o PSD anseia com esta estratégia de oposição musculada? Se assim for, estará a sobrepor os interesses partidários aos do município, porquanto a marcação de eleições iria provocar uma paralisação do concelho, que teria um novo executivo para apenas um ou dois anos, por isso sem tempo para concretizar um programa minimamente sustentado. E nessas eventuais eleições intercalares dar-se-ia corpo à grande coligação de centro direita que o ex-líder do partido, Abel Afonso, sugeriu recentemente? E essa coligação integraria elementos ditos de direita que estiveram no movimento Amar Amarante, contra os quais o PSD tanto se bateu e apelidou do movimento populista? Creio que esse partido estaria a lavrar numa enorme incoerência, que o eleitorado terá dificuldade em compreender. Além disso, como se lê nos livros da ciência política, daria azo à vitimização do Partido Socialista.
Não era mais lógico ao PSD criar condições de governação no executivo, negociando com os socialistas algumas contrapartidas políticas, enquanto, além de arrumar a sua casa, ia estruturando o um projecto alternativo para daqui ou dois anos o submeter ao veredicto do eleitorado?
Ser-se oposição num executivo de maioria absoluta ou ser-se oposição num contexto de maioria relativa são coisas bem distintas. Além disso, ser-se oposição no quadro de um movimento político efémero como o protagonizado por um projecto independente e pessoal ou ser-se oposição enquanto partido político estruturado na democracia portuguesa são também coisas bem distintas. O sentido de responsabilidade e visão de futuro num ou noutro contexto são diferentes.
O PSD não pode dizer que quer levar por diante, no executivo, o projecto que apresentou ao eleitorado, porque esse foi derrotado nas urnas. Os sociais-democratas, enquanto homens e mulheres com sentido de responsabilidade, têm de aceitar as regras da democracia. Não podem querer impor aos amarantinos aquilo que eles não sufragaram nas urnas. Não devem querer fazer vingar as suas posições, aliando-se a um movimento de cariz iminentemente pessoal contra o qual se bateram na última campanha eleitoral. Creio que muitos sociais-democratas estão equivocados. Esquecer-se-ão os dirigentes desse partido que quem votou no seu projecto não se revia também no que era proposto pelo movimento ao qual se está agora a aliar de forma mais ou menos assumida, pelo menos no quadro do executivo? Aliás, o líder do PSD, Alberto Sampaio, desafiado pelos socialistas a esclarecer o posicionamento estratégico do seu partido, acabou por se contradizer na última AM, ao negar estar em curso um processo de coligação e logo a seguir dizer que “temos maioria”. O dirigente referia-se, eventualmente num lapso de linguagem, à coligação na Câmara PSD/Amar Amarante. Aliás, já vamos ouvindo da boca de alguns dirigentes laranja: “agora não deixamos passar nada”. Claro que nesta expressão está implícito um espírito de oposição permanente ao poder socialista, só possível porque assenta na premissa de que hão-de contar sempre com o apoio do movimento Amar Amarante, uma força que desde a primeira hora e pelas razões conhecidas se opõe com “unhas e dentes” à gestão de Armindo Abreu.
O PSD tem dito nos últimos dias que os seus autarcas e dirigentes pensam pela sua própria cabeça, o que é legítimo. Dizem que têm um projecto e é por ele que devem lutar. Só não se compreende que a luta se esteja a fazer num órgão executivo, comprometendo a governação do executivo. A legítima necessidade de afirmação do projecto alternativo do partido na praça pública não deve ser feito no quadro do executivo municipal, adoptando uma oposição sistemática. Isso é sobrepor os interesses do partido aos do concelho.
Parece-me um erro estratégico do PSD. Há momentos para a luta política e momentos para o primado do sentido de responsabilidade. No executivo, o PSD, enquanto partido com legítimas aspirações ao poder, devia, em nome dos interesses do concelho, procurar entendimentos com o PS e esses só eram alcançados adoptando uma postura menos crispada, que quase sempre redunda em posições extremadas de ambas as partes.
O líder do PS na AM, Abel Coelho, afirmou que se esta postura do PSD se mantivesse não hesitaria em propor ao seu partido uma clarificação da situação política, entenda-se, presumo, eleições intercalares. Será que é isso que o PSD anseia com esta estratégia de oposição musculada? Se assim for, estará a sobrepor os interesses partidários aos do município, porquanto a marcação de eleições iria provocar uma paralisação do concelho, que teria um novo executivo para apenas um ou dois anos, por isso sem tempo para concretizar um programa minimamente sustentado. E nessas eventuais eleições intercalares dar-se-ia corpo à grande coligação de centro direita que o ex-líder do partido, Abel Afonso, sugeriu recentemente? E essa coligação integraria elementos ditos de direita que estiveram no movimento Amar Amarante, contra os quais o PSD tanto se bateu e apelidou do movimento populista? Creio que esse partido estaria a lavrar numa enorme incoerência, que o eleitorado terá dificuldade em compreender. Além disso, como se lê nos livros da ciência política, daria azo à vitimização do Partido Socialista.
Não era mais lógico ao PSD criar condições de governação no executivo, negociando com os socialistas algumas contrapartidas políticas, enquanto, além de arrumar a sua casa, ia estruturando o um projecto alternativo para daqui ou dois anos o submeter ao veredicto do eleitorado?
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