Por estes dias as notícias continuam a dar conta da subida dos preços dos combustíveis em Portugal. Assistia há dias, num dos canais da RAI, a um noticiário no qual se exibia, com espanto do jornalista, um gráfico que apontava o nosso país como um dos que pratica preços mais elevados na gasolina e no gasóleo.
O espanto do jornalista transalpino faz sentido, porque é conhecedor do baixo nível de rendimento dos portugueses - o mais baixo da Europa a 15. Imaginava o repórter o esforço que cada “portuga” teria de fazer para, com o mais baixo rendimento do velho continente, suportar os combustíveis mais caros.
Nessa reportagem eram exibidas entrevistas de rua com vários cidadãos italianos, que iam comentando mais um aumento dos combustíveis. Todos protestavam e alguns diziam que o gasóleo e a gasolina tinham atingido valores quase insuportáveis. Assistindo à reportagem, ia confidenciando com os meus botões o quanto os italianos, apesar e tudo, no caso em apreço, até são pessoas com sorte, porque, como se sabe, têm um rendimento médio muito superior ao dos portugueses e, por isso, terão mais capacidade para suportar os custos do combustível.
Mas, perguntarão alguns leitores mais desatentos, a que se devem os preços tão altos do combustível em Portugal, quando todos os países da Europa Ocidental adquirem o “ouro negro” nos mercados internacionais a preços semelhantes?
Tudo tem a ver, como saberão os mais atentos, com o imposto cobrado no nosso país, o chamado ISP, que é um dos mais elevados da Europa. Li há dias num jornal de economia que mais metade do que pagamos nas bombas de gasolina vai para os cofres do nosso guloso Estado. É também este Estado responsável por abocanhar mais “uma pipa” de impostos nos automóveis que compramos, transformando-os nos mais caros da Europa. Quando, há uns anos, adquiri uma viatura diesel de cinco lugares tive a curiosidade de ver quanto custava o mesmo automóvel em Espanha. Com meia surpresa constatei que custava menos cerca de cinco mil euros do que em Portugal. Se à diferença de preço acrescentarmos o nível do poder de compra dos dois países, concluiremos que um automóvel do lado de cá da fronteira custará cerca do dobro do que custa por terras castelhanas. Fiquei revoltado e, por instantes, apeteceu-me ser espanhol! O preço da gasolina e dos automóveis são apenas dois entre muitos exemplos (ocorre-me também o diferencial brutal da taxa do IVA) do quanto os portugueses estão a anos luz dos nossos vizinhos.
Obviamente, todos temos aquele orgulho de sermos portugueses. Prezamos a nossa história, a nossa cultura, prezamos a nossa língua e a maioria de nós nem sequer equacionaria uma hipotética mudança de nacionalidade. Obviamente que adoro o meu país, cujo hino ouço com profunda emoção.
Esse amor pátrio, mas de povo sofrido, num estado de alma tão lusitano, não nos deve inibir de reflectirmos porque somos tão mal tratados por um Estado luso tão guloso. Um Estado que nos sufoca com impostos intermináveis, sem que, como contrapartida, tenhamos serviços públicos de qualidade, compagináveis com o nível de taxas que somos obrigados a suportar.
Também é legítimo a cada português ousar questionar a Europa que temos. Uma Europa que nos obriga a mil e uma coisas, cumprindo uma teia de directivas e sufocando-nos com taxas de juro determinadas em Berlim ou Bruxelas à revelia dos interesses dos mais pequenos, mas que não é capaz de impor aos Estados gulosos, como o nosso, modelos fiscais tão harmonizados quanto possível, porque a imposição das taxas de juro não tem as mesmas consequências em todos os estados. Por cá, por exemplo, o impacto do aumento das taxas é brutal, atendendo que os portugueses não têm a mesma capacidade financeira dos alemães ou dos holandeses.
Pode parecer um paradoxo, mas sou defensor do processo de construção europeia, porque entendo que no deve e haver, tem valido a pena a nossa aposta de integração.
Mas essa convicção não nos deve tolhir de ousar questionar aqueles que nos parecem ser os desvios de um caminho…
O espanto do jornalista transalpino faz sentido, porque é conhecedor do baixo nível de rendimento dos portugueses - o mais baixo da Europa a 15. Imaginava o repórter o esforço que cada “portuga” teria de fazer para, com o mais baixo rendimento do velho continente, suportar os combustíveis mais caros.
Nessa reportagem eram exibidas entrevistas de rua com vários cidadãos italianos, que iam comentando mais um aumento dos combustíveis. Todos protestavam e alguns diziam que o gasóleo e a gasolina tinham atingido valores quase insuportáveis. Assistindo à reportagem, ia confidenciando com os meus botões o quanto os italianos, apesar e tudo, no caso em apreço, até são pessoas com sorte, porque, como se sabe, têm um rendimento médio muito superior ao dos portugueses e, por isso, terão mais capacidade para suportar os custos do combustível.
Mas, perguntarão alguns leitores mais desatentos, a que se devem os preços tão altos do combustível em Portugal, quando todos os países da Europa Ocidental adquirem o “ouro negro” nos mercados internacionais a preços semelhantes?
Tudo tem a ver, como saberão os mais atentos, com o imposto cobrado no nosso país, o chamado ISP, que é um dos mais elevados da Europa. Li há dias num jornal de economia que mais metade do que pagamos nas bombas de gasolina vai para os cofres do nosso guloso Estado. É também este Estado responsável por abocanhar mais “uma pipa” de impostos nos automóveis que compramos, transformando-os nos mais caros da Europa. Quando, há uns anos, adquiri uma viatura diesel de cinco lugares tive a curiosidade de ver quanto custava o mesmo automóvel em Espanha. Com meia surpresa constatei que custava menos cerca de cinco mil euros do que em Portugal. Se à diferença de preço acrescentarmos o nível do poder de compra dos dois países, concluiremos que um automóvel do lado de cá da fronteira custará cerca do dobro do que custa por terras castelhanas. Fiquei revoltado e, por instantes, apeteceu-me ser espanhol! O preço da gasolina e dos automóveis são apenas dois entre muitos exemplos (ocorre-me também o diferencial brutal da taxa do IVA) do quanto os portugueses estão a anos luz dos nossos vizinhos.
Obviamente, todos temos aquele orgulho de sermos portugueses. Prezamos a nossa história, a nossa cultura, prezamos a nossa língua e a maioria de nós nem sequer equacionaria uma hipotética mudança de nacionalidade. Obviamente que adoro o meu país, cujo hino ouço com profunda emoção.
Esse amor pátrio, mas de povo sofrido, num estado de alma tão lusitano, não nos deve inibir de reflectirmos porque somos tão mal tratados por um Estado luso tão guloso. Um Estado que nos sufoca com impostos intermináveis, sem que, como contrapartida, tenhamos serviços públicos de qualidade, compagináveis com o nível de taxas que somos obrigados a suportar.
Também é legítimo a cada português ousar questionar a Europa que temos. Uma Europa que nos obriga a mil e uma coisas, cumprindo uma teia de directivas e sufocando-nos com taxas de juro determinadas em Berlim ou Bruxelas à revelia dos interesses dos mais pequenos, mas que não é capaz de impor aos Estados gulosos, como o nosso, modelos fiscais tão harmonizados quanto possível, porque a imposição das taxas de juro não tem as mesmas consequências em todos os estados. Por cá, por exemplo, o impacto do aumento das taxas é brutal, atendendo que os portugueses não têm a mesma capacidade financeira dos alemães ou dos holandeses.
Pode parecer um paradoxo, mas sou defensor do processo de construção europeia, porque entendo que no deve e haver, tem valido a pena a nossa aposta de integração.
Mas essa convicção não nos deve tolhir de ousar questionar aqueles que nos parecem ser os desvios de um caminho…
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