sexta-feira, 20 de novembro de 2009

> Editorial do EXPRESSO DE FELGUEIRAS de 20 de Novembro (parte I)

Os pelouros de uma liderança bicéfala

A distribuição de pelouros decidida a semana passada pelo executivo municipal não constituiu qualquer surpresa, porquanto evidencia o que se sabe há muito: Inácio Ribeiro e João Sousa são, sob ponto de vista político, os dois pilares mais fortes desta nova equipa camarária.

Pelos pelouros que cada um chamou a si, nestes dois quadros assentará o capital maior de decisão executiva e política da autarquia felgueirense nos próximos quatro anos.

Vistas as coisas no plano executivo, Inácio Ribeiro foi igual a si próprio nas escolhas: determinado, rigoroso e nada receoso de assumir pelouros exigentes como as finanças, o ordenamento do território e urbanismo. O presidente da Câmara fê-lo num gesto que deve ser entendido, também no plano interno, como um sinal de pragmatismo e lucidez no campo da gestão de expectativas dos que o rodeiam, porque Inácio Ribeiro bem sabe que são áreas basilares numa boa gestão e que, por isso, não devem sair nunca da área de decisão directa do chefe da equipa.

Nestes domínios exige-se visão de conjunto e, mais do que qualquer outra coisa, capacidade de decisão em tempo útil.

Nas finanças, das quais dependem todo o funcionamento da edilidade, impõe-se que haja uma percepção clara e abrangente do que se quer no futuro, traçando-se com a antecedência necessária os caminhos para alcançar os objectivos. Inácio Ribeiro, economista de formação, reúne essas capacidades, como foi capaz de o provar no período em que foi presidente da Associação Empresarial de Felgueiras.

Para o urbanismo e ordenamento do território, também se reclama a capacidade de se perceber o que é essencial em detrimento do acessório, aliando-se isso a um sentido de liderança natural. Sabe-se que Inácio Ribeiro tem uma visão ambiciosa do que deve ser a Felgueiras do futuro nestas matérias, mas já assumiu que para alcançar alguns propósitos em matéria de ordenamento vai ter de ser objectivo nas opções, olhando exclusivamente para os interesses do colectivo felgueirense em prejuízo de uma panóplia de interesses que em regra gravitam nas autarquias.

João Sousa também com pelouros decisivos

Para o vice-líder João Sousa, que é também o presidente do PSD local, ficaram reservadas outras pastas importantíssimas, nomeadamente duas que têm peso político directo e indirecto.

A primeira, com incontornável alcance político, prende-se com a gestão da relação com as juntas de freguesia, área em que João Sousa deverá sentir-se confortável, atenta a relação de proximidade que manteve enquanto líder com a maioria dos autarcas eleitos pelo PSD.

Há, a propósito, alguma expectativa em saber de que modo João Sousa vai gerir a sua relação, enquanto vereador, com três presidentes de Junta eleitos em 2005 pelo PSD e que em 2009 foram candidatos pelo Movimento Sempre Presente.

No anterior mandato, quando o PSD era oposição, foram difíceis as relações políticas do líder do partido com os autarcas de Unhão, Regilde e Idães, devido ao alinhamento destes com as posições políticas da equipa de Fátima Felgueiras. Imagina-se agora, com o PSD no poder, que os referidos autarcas, com a camisola do MSP, tenham acrescidas dificuldades.

Não obstante, em sentido genérico, na relação com as juntas, da Câmara espera-se uma política assente em parcerias, que faça jus às promessas eleitorais de maior proximidade com as juntas de freguesia,,sobretudo as que têm relevado maior capacidade executiva.

O concelho precisa muito daquelas autarquias, porque estas, se mobilizadas e motivadas, serão parceiro essencial da Câmara no processo de mudança que se espera para a nossa terra. João Sousa sabe disso e vai com certeza corresponder com uma política descentralizadora de recursos e competências, catalisando as energias intrínsecas da maioria dos nossos presidentes de junta .

"Vice" com a “batata quente” dos preços da água e do lixo

A segunda área importantíssima na esfera do vice-presidente é a ligada à água e aos resíduos, sectores que esta câmara quer privilegiar para dar resposta às promessas eleitorais mais emblemáticas. Honrar os compromissos nestes sectores é conquistar uma confiança acrescida do eleitorado.

Entretanto, ao chamar a si o pelouro da Educação, João Sousa, professor de formação, estará bem posicionado para corresponder às necessidades efectivas deste sector no concelho, num período em que a autarquias são cada vez mais chamadas a desempenhar um papel determinante. Dotar os novos centros escolares da operacionalidade desejada, a contento de pais, alunos e professores, será uma tarefa exigente que o jovem vice-presidente, com a capacidade de organização que lhe é reconhecida, há-de conseguir levar a bom porto.

Para Carla Meireles, ficam as pastas ditas sociais, nomeadamente, a coesão social, habitação e cultura. A jovem vereadora, devido à sua formação académica e experiência profissional, deverá também sentir-se confortável nestas matérias, sobretudo nas duas primeiras. A Carla Meireles, pontualmente em articulação com os titulares de outros pelouros, estará confiada a tarefa de promover as medidas de apoio social anunciadas em campanha direccionadas aos jovens e aos idosos.

Quanto à cultura, não deverá ser difícil a Carla Meireles fazer mais do que herdou do anterior executivo, ou seja, quase nada. Espera-se da jovem vereadora um impulso na área da cultura, potenciando nomeadamente as valências do equipamento da Casa das Artes, cuja execução está na recta final.

Para o quarto eleito, Eduardo Teixeira, ficaram vários pelouros, o mais importante dos quais o Desporto. Neste, espera-se que a autarquia revele uma abertura maior do que a manifestada pela gestão de Fátima Felgueiras.

Eduardo Teixeira, homem habituado ao dirigismo desportivo e que conhece grande parte das figuras que estão à frente dos clubes, será por certo sensível às necessidades dos clubes, reservando para estes os apoios de que são credores, em nome de uma política desportiva para todos e não apenas para umas quantas elites. Uma política que aposte no apoio aos felgueirenses que praticam desporto, adoptando uma maior acessibilidade destes aos equipamentos municipais (...).

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