EDITORIAL DA EDIÇÃO 87 DO EXPRESSO DE FELGUEIRAS, 2 DE OUTUBRO DE 2009
Arrancou esta semana a campanha para as Eleições Autárquicas, um momento esperado com alguma ansiedade por muitos felgueirenses, tanto os que defendem uma mudança política no concelho, como os que preconizam a continuação do actual poder municipal.
O EXPRESSO DE FELGUEIRAS, em nome dos princípios que sempre nortearam a sua postura editorial, não toma partido por qualquer candidatura.
No entanto, em nome da seriedade intelectual que procuramos acautelar desde a primeira hora, cumpre-nos esclarecer que o EXPRESSO DE FELGUEIRAS assume, de forma explícita, distanciamento face à candidatura de Fátima Felgueiras.
Face ao exposto e porque consideramos muito os nossos leitores e/ou assinantes, entendemos que lhes devemos uma explicação:
O distanciamento nada tem a ver com assumidas discordâncias face ao modelo de governação do Município seguido por Fátima Felgueiras. Esse será julgado pelos felgueirenses, num sentido ou noutro, não interessando para o efeito a opinião do EXPRESSO DE FELGUEIRAS ou a do seu director.
O distanciamento decorre de duas situações muito concretas:
1ª Neste mandato, a presidente da Câmara evidenciou inúmeras vezes comportamentos hostis para com os jornalistas, não se escusando a tecer, recorrentemente, observações críticas para com os profissionais da comunicação social, neles causando um enorme desconforto. Independentemente da condenável generalização que quase sempre fez quando se referia à nossa classe profissional, pior do que isso, foi a forma sobranceira como olhou para os jornalistas, em especial os que trabalham nos órgãos regionais, que foram confrontados com mil e um obstáculos para acederem às informações do Município de Felgueiras.
Os vereadores no actual executivo municipal - João Garção, Horácio Reis e Bruno Carvalho – bem sabem quanto o EXPRESSO DE FELGUEIRAS, através da minha pessoa, até um determinado período, procurou através deles aceder às informações do Município, num esforço genuíno para obviar a indisponibilidade de Fátima Felgueiras.
Por tudo isto, é surpreendente (por aqui se fica a adjectivação) o repentino interesse da candidatura de Fátima Felgueiras na cobertura, pelo EXPRESSO DE FELGUEIRAS, dos eventos de campanha por si promovidos, esquecendo-se que ao longo destes anos hostilizou de diferentes formas o nosso jornal.
2ª Neste mandato, a Câmara de Felgueiras, contrariando o que é normal nos concelhos vizinhos, adoptou uma postura lamentável face a alguns órgãos de comunicação social do concelho, com excepção da rádio local, que foi acarinhando, numa flagrante demonstração de discriminação para com o nosso jornal.
Quanto a nós, EXPRESSO DE FELGUEIRAS, por razões que só a senhora presidente saberá explicar, a autarquia deixou, há muito tempo, de solicitar a publicação de anúncios relativos às actividades do Município e mesmo os editais e avisos de publicação obrigatória.
Nalguns casos, num comportamento que, por uma questão de contenção verbal, nos abstemos de qualificar, estes anúncios da Câmara de Felgueiras passaram a ser publicados em jornais doutros concelhos, nomeadamente em Lousada!!! Temos provas físicas disso.
Ao fazê-lo, a presidente da Câmara bem sabia que estava a cercear um dos jornais da terra de uma receita importante para sua sobrevivência, tanto mais num momento de crise económica generalizada em que a publicidade comercial começou a escassear.
Ao fazê-lo, a senhora presidente bem devia prever que estava a causar em toda a equipa redactorial que produz o jornal, a maioria constituída por jovens em início de carreira, uma indignação que deixou marcas profundas.
Ao fazê-lo, Fátima Felgueiras bem sabia que estava indirectamente a contribuir para que os jornais deixassem de ter meios financeiros para poderem cumprir a sua missão de serviço público, informando os felgueirenses do que se ia passando na sua terra.
É oportuno que os felgueirenses saibam que este comportamento da presidente do Município é singular na região. Noutros concelhos à volta de Felgueiras, os jornais da terra são acarinhados pelas câmaras municipais, porque os autarcas são os primeiros a reconhecer na imprensa regional um papel incontornável na informação dos munícipes.
Para mal dos jornais de Felgueiras e dos que lá laboram, Fátima Felgueiras pensa de forma diferente. Tem preferido centrar todos os esforços num boletim municipal que custa muito dinheiro ao erário público, ao mesmo tempo que outros recursos financeiros são libertados para a promoção do concelho noutros órgãos de informação nacional e a proliferação de outdoors em todo o concelho.
Em jeito de caricatura, alguém dizia por estes dias cá na casa que a senhora presidente da Câmara devia agora, em tempo de campanha e quando mais precisa dos jornais da terra, mandar publicar a notícias nos ditos outdoors ou nos jornais dos outros concelhos para onde foi encaminhando os anúncios durante este seu mandato.
Por tudo isto, compreenderão os nossos leitores que o EXPRESSO DE FELGUEIRAS não reúna os meios suficientes para acompanhar as actividades do Município, mormente neste momento pré-eleitoral, no qual a Câmara se desdobra em acções que poderiam ser credoras de melhor cobertura jornalística e que, porventura, tanto jeito fariam para os propósitos eleitorais da presidente da Câmara.
Não estar submetidos aos ditames de determinados poderes que convivem mal com o pluralismo tem custos elevadíssimos. Nós pagámos bem caro esse posicionamento, mas, como diz Fátima Felgueiras, “ousamos” sobreviver de cabeça erguida, porque também nós somos Felgueiras.
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